Thursday, September 27, 2007

fato II, III e IV que entornam o azul

Logo de manhã, quando quase tudo ainda dorme, o pneu dianteiro do carro passou sobre a pombra que ciscava no asfalto. E não parou. A pomba virou uma pedra, dessas que se chutam enquanto anda de olhos pregados no chão. Tudo no mundo parece um monte morto de penas e asas imprestáveis.

Logo de manhã um homem de olhos fundos e perdidos, perde mais um tico de sua sanidade. Escorreu pelo bueiro depois de mais uma noite de fome na rua.

Logo de manhã parece que tudo que me estremece é pequeno e egoísta, porque todos os dias existem fatos II (sendo que às vezes a pedra é um homem ou um menino) e III (sendo que também um ser inteiro pode escorrer por um bueiro).

1 comment:

Anonymous said...

Great work.