Tuesday, July 26, 2005

Arthur Bispo do Rosário


"Os doentes mentais são como os beija-flores. Estão sempre a dois metros do chão". Algo assim, talvez sem alguns plurais. Arthur Bispo do Rosário pairava metros acima de nossas cabeças pecadoras. Veio para este mundo para redimir a humanidade e de uma cela forte no Núcleo Ulisses Viana construiu todo um mundo. Um mundo em miniatura que ele apresentaria no dia do Juízo Final. Nietzche uma vez escreveu que "é preciso ter um caos dentro de si para dar luz a uma estrela brilhante". Bispo me trouxe uma luz que me cegou. Passei dias pensando no cotidiano do manicômio, da violência, dos choques, dos possíveis sorrisos (será?)... Doeu pensar que ele criava todo aquele mundo sentido-se obrigado. Será que era como o escrever? Como se fosse impossível viver sem fazê-lo? Tive vontade de abraçá-lo. de compartilhar seus delírios, sua pressa em construir o mundo. O mundo que seria salvo, as pessoas que seriam salvas.
Agonia de pensar "será que ele foi feliz?", "será que sentia frio?", "será que sentia medo?", "sentia-se só?".
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"Eua já fui transparente. às vezes, quando deixo de trabalhar, fico transparente de novo. Mas normalmente sou cheio de cores". A.B. Rosário
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A nós, cheio de cores, a vida.


PS*: Vale a pena procurar mais, mas dou uma mãozinha: http://www.itaucultural.org.br/AplicExternas/Enciclopedia/artesvisuais2003/index.cfm?fuseaction=Detalhe&CD_Verbete=505